para Jean Baudrillard
I
ouve, este primeiro canto dos pássaros
dessa manhã de feriado,
vê como as árvores são brindes de absoluto
a ditar besteiras em dias de vento
o eco das estrelas em chamas
os carros a se dissolverem no asfalto,
qual o sentido da velocidade?
II
sente a brisa que beira o abismo
o sangue que escorre nas ruas
os olhos bêbedos da noite
e o desalinho dos dias
em tempos de desvario
da realidade abortada
da esquina para lá
a profecia que diz
a lógica aristotélica está abolida
o verdadeiro e falso, e a ampulheta do tempo
dissolvidos na hiper-realidade dos fatos
Rafael Walter