sábado, 5 de março de 2011

Cão Vadio

mariposa desasada
cão sem nome

e a eterna ferida
de sarna
e a eterna ferida
de fome

no raso
de si e no fundo
tão sua e muda
a fome-mundo
que atira
a si seus ossos

e  busca


2.
encasulado sob a lua
dorme-não-dorme no rocio
lagarta-prestes, bicho-da-
seda que tece meios-fios

que às aves da fome desperta
pronto bebe o café nas poças
e range e rosna, rua e rói
o pão dormido de seus ossos  


3.
                             (virarruas vagalixos)
pasta sem ossos
na margem da pista 
                           
                             (viramijos vagafossas)
todo ele é a ferida
que coçava e já não coça?



Rodrigo Madeira

2 comentários:

Pó & Teias disse...

As palavras em corpo podre se materializaram naquele mendigo que faz parte da paisagem para muitos de nós bons burgueses.
Ainda bem que existem poetas de verdade como o Madeira, que é de Lei !!
abraço
Wilson

Anônimo disse...

Que escreve a palavra desnudando a crua realidade...
Deisi