mariposa desasada
cão sem nome
e a eterna ferida
de sarna
e a eterna ferida
de fome
no raso
de si e no fundo
tão sua e muda
a fome-mundo
que atira
a si seus ossos
e busca
2.
2.
encasulado sob a lua
dorme-não-dorme no rocio
lagarta-prestes, bicho-da-
seda que tece meios-fios
que às aves da fome desperta
pronto bebe o café nas poças
e range e rosna, rua e rói
o pão dormido de seus ossos
3.
(virarruas vagalixos)
pasta sem ossos
na margem da pista
pasta sem ossos
na margem da pista
(viramijos vagafossas)
todo ele é a ferida
que coçava e já não coça?
Rodrigo Madeira
2 comentários:
As palavras em corpo podre se materializaram naquele mendigo que faz parte da paisagem para muitos de nós bons burgueses.
Ainda bem que existem poetas de verdade como o Madeira, que é de Lei !!
abraço
Wilson
Que escreve a palavra desnudando a crua realidade...
Deisi
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