o antemorto dançarino de butô
é marcescente ao vento, botão de flor
o antenascido dançarino de butô
é milagre no ventre, fim de flor
é o espírito usando a carne
pra dizer o que a carne não sabe
é o espírito usando a carne
pra dizer o que na carne não cabe
o corpo que use o corpo
pra dizer o que o corpo não fale
a dança do cadáver, do fantasma
em louvor à vida, antes que a dança da vida
acabe
Rodrigo Madeira
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