três copos de vidro e vinho praticamente cheios de palavras bêbadas arremessadas contra parede. tu evocas a gargalhada de baco entre os cacos partidos do teu deus e te ajoelha neles, teu corpo sangra para que da cor renovada se faça a vida do progenitor ébrio. com as pernas cortadas, catas as chaves que tu não sabes bem se são chaves ou outro objeto palpavelmente parecido. 180/h como se nada a perder fosse a ferrugem e os amassados do teu carro fodido que segue automaticamente os rastros do hedonismo. um pé no acelerador enquanto o outro ameaça o freio. uma mão na marcha enquanto a outra segura firme o volante, olhos abertos de quem se surpreende com algo que ainda não aconteceu. o paradoxo da física: seu corpo inerte enquanto o carro flutua. pneus são hélices, são asas. ilusão que faz escorrer o pó de arroz que te maqueia. suor até que se feche a cortina vermelha.
Camila Vardarac
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