Madame Lucille, composta por matéria brilhosa, principalmente boca e olhos, arrasta pelo imundo chão de um bar de quinta seu casaco de veludo e plumas provenientes de gansos negros. Gargalhadas entorpecidas são invocadas de seu âmago lubrificado com gás hélio, desfila entre os dedos da mão direita uma piteira dourada do século passado ao mesmo tempo em que sua mão esquerda gira um copo de Teacher's. Mulher segura essa madame Lucille para limpar os dentes com a lingua desse jeito, como quem acabou de calar o apetite. Caminha com seus sapatos de meretriz aposentada sobre as poças de cerveja e mijo largadas pelos homens despreocupados. Madame Lucille, elegantemente fora de contexto, dança um cabaret de Toulouse enquanto ao fundo toca um samba de raiz.
Camila Vardarac
http://vaga-lumens.blogspot.com/
3 comentários:
Analisa,sim,mas não aprofundes muito: o pensamento, o poeta e a cauda da meretriz
Tem a gloria na mesma terra.
baila seu cabaret de Toulouse em plena Sapucaí ,
tirando assim definitivamente seu narrador do contexto.
que tesão de texto!!!
parabéns!!!!
QUe coisa.
Esse é bem fechado, guria.
Terminou bem bem.
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