quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Delírio

No pensamento a tua ausência é leve.
A tua ausência é lisa, tua ausência é rasa,
e desmancha-se no meu corpo em brasa
como inúmeros brancos flocos de neve.

Nos meus sentidos dados à minúcia
a tua ausência tem um peso de aura,
um porte de musa, uma doçura rara,
silêncio de prece, delirante fragrância.

E ela é tão suave, mesmo sendo constante
que às vezes em devaneio me surpreendo
dando atenção à idéia errante

de que existe um elo permanente.
E nem por força da vontade me desprendo
da sensação de que estás presente.

Iriene Borges

http://www.bardoescritor.net/ezine.html#Del%EDrio

Um comentário:

Anônimo disse...

Iriene, você dá uma suavidade e beleza para a dor, que parece nem doer. E, mesmo sem acreditarmos que possa ser dor, dói.
Lindo poema!
Deisi