Quando a professora de Português leu "O Homem nu" arrancou risada geral na classe. Comprovara o que dissera - que havia tal Sabino que fazia qualquer um rir - mas o que era cômico virou incômodo. Aconteceu o inevitável. A professora pediu o texto. Os alunos tinham que escrever um texto. Um maldito texto. escrever já é difícil; crônica então, nem se fala. Texto não é bom nem de ler; só é bom de ouvir e quando é engraçado ainda. Eu não ia fazer e pronto. Um trabalho a menos não ia fazer diferença. só escreveria se a professora desse um bom motivo; droga! Ela deu. Ia valer quarenta pontos na média do bimestre. Malvada, me pegou pelo pé: último bimestre, precisando de nota, repetente, mãe pressionando, ameaças do pai; a perversa sabia o que estava fazendo. Disse que sabia que a gente não era escritor muito menos o Sabino, mas que poderíamos vir a ser e que sabia do nosso potencial, “quem sabe a literatura não é o talento de vocês?”, blá, blá, blá...
Eu tinha sete dias para escrevê-la, para fazê-la surgir; não sei de onde, não sei como. Conforme os dias iam passando eu dormia cada vez menos, mas a idéia não despertava nunca. Agora eu só tinha o fim de semana, tinha preocupações, tinha vontade, tinha medo de ficar na mesma série.
Eu só não tinha a bendita idéia. Com certeza a professora confundiria minha ausência de nota e idéias com presença de preguiça e seria premiado com ausência de nota e consequentemente... eu não podia nem pensar nisso.
O problema da crônica estava ficando crônico. Busquei muitas estórias que aconteceram comigo, eu tinha vergonha de contá-las, poderia ficar cômico, mas eu ficaria com o mico, lembrei de estórias que aconteceram com os outros, alguém poderia se irritar, o Fantástico era a minha última esperança, mas a boa noite” do casal de apresentadores fez com que ela morresse; e como sempre morreu por última.
O tempo entre as vinte e duas horas de domingo e às sete e meia de segunda passaria em cinco minutos, sempre era assim. E o tempo passaria rápido mesmo se eu não dormisse; a angústia funciona como um acelerador das horas. Mas eis que: tcham, tcham, tcham; às duas da manhã, veio uma idéia, não era das melhores, aliás, era ruim, mas era a última chance que havia trazido uma nova esperança junto, era a cartada final, a que você acabou de ler.
Eu tinha sete dias para escrevê-la, para fazê-la surgir; não sei de onde, não sei como. Conforme os dias iam passando eu dormia cada vez menos, mas a idéia não despertava nunca. Agora eu só tinha o fim de semana, tinha preocupações, tinha vontade, tinha medo de ficar na mesma série.
Eu só não tinha a bendita idéia. Com certeza a professora confundiria minha ausência de nota e idéias com presença de preguiça e seria premiado com ausência de nota e consequentemente... eu não podia nem pensar nisso.
O problema da crônica estava ficando crônico. Busquei muitas estórias que aconteceram comigo, eu tinha vergonha de contá-las, poderia ficar cômico, mas eu ficaria com o mico, lembrei de estórias que aconteceram com os outros, alguém poderia se irritar, o Fantástico era a minha última esperança, mas a boa noite” do casal de apresentadores fez com que ela morresse; e como sempre morreu por última.
O tempo entre as vinte e duas horas de domingo e às sete e meia de segunda passaria em cinco minutos, sempre era assim. E o tempo passaria rápido mesmo se eu não dormisse; a angústia funciona como um acelerador das horas. Mas eis que: tcham, tcham, tcham; às duas da manhã, veio uma idéia, não era das melhores, aliás, era ruim, mas era a última chance que havia trazido uma nova esperança junto, era a cartada final, a que você acabou de ler.
Gilson Pereira
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