Ler no braço toda uma história - as placas de gordura, as
pelancas, as casquinhas do ressecamento; tudo marcado pelas vírgulas das
cicatrizes; cada letra com o devido pingo de sarna. Um pergaminho de
deterioração, degeneração a espera do ponto Final.
O olhar perdia-se no opaco enredo de u'a estória de
desenganos.
Naquele café esfumaçado bebia a si próprio, a cada gole, enquanto o tempo passava. Impreciso caminhar."Que horas 'serão', será
noite ou dia ? Não importava mais, sua juventude se fechara e só restara uma
lâmina de luz cortando os pés da porta.
Chegou em sua sórdida morada embora não tenha lembrança de
haver caminhado até lá. Pôs-se a descamar-se de suas roupas e a medida que se
aliviava delas, não encontrava sinal de si. A sombra que o perseguia,
perseguia o sobretudo que ora o cobre de seu derradeiro inverno .
Agora entre o pó e as teias de seu quarto tornara-se o vulto
translúcido de seu trincado espelho.
Wilson Roberto Nogueira
2 comentários:
A utilização do u'a mostrou domínio estético.
Aquele que lê
Notei o aprimoramento do exercício do simbólico no inconsciente do professor-artista.
Postar um comentário