quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

domingo, 15 de dezembro de 2013

Ler no braço toda uma história - as placas de gordura, as pelancas, as casquinhas do ressecamento; tudo marcado pelas vírgulas das cicatrizes; cada letra com o devido pingo de sarna. Um pergaminho de deterioração, degeneração a espera do ponto Final.

O olhar perdia-se no opaco enredo de u'a estória de desenganos.

Naquele café esfumaçado bebia a si próprio, a cada gole, enquanto o tempo passava. Impreciso caminhar."Que horas 'serão', será noite ou dia ? Não importava mais, sua juventude se fechara e só restara uma lâmina de luz cortando os pés da porta.

Chegou em sua sórdida morada embora não tenha lembrança de haver caminhado até lá. Pôs-se a descamar-se de suas roupas e a medida que se aliviava delas, não encontrava sinal de si. A sombra que o perseguia, perseguia o sobretudo que ora o cobre de seu derradeiro inverno .

Agora entre o pó e as teias de seu quarto tornara-se o vulto translúcido de seu trincado espelho.


Wilson Roberto Nogueira

domingo, 8 de dezembro de 2013

[Curitiba digere aquele que nela se perde]

Sodoma

Assim explicou-me o anjo sattivo que pousou à cabeça de meu amigo:

"Igual ao petroleiro que preso está, ao cais, pela espia de amarra mas cuja tripulação em delírio esquece de baixar âncora, a partir do momento em que a espécie elegeu o ambiente controlado em oposição ao selvagem, hipervalorizou o simbólico enquanto no Real o Duplo Sapiens sirva, desde então, somente à manutenção inerente ao controle, mesmo que as regras que estabeleçam o controle estejam fundamentadas no simbólico e não no Real. Com isso, quando o poder quer se explicar, usa a lógica do simbólico, que carece de lastro. Quando quer controlar usa a lógica do Real.
Ou seja, fomos organizados para sustentar o surto da espécie, desterrados do Real, iludidos pelo simbólico que varia, conforme a ideologia dominante."


Ricardo Pozzo

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013


Medo do medo

da nuvem escura
do mar revolto
do que fala, do que cala
de ir e do vir
de não saber
de não ser
vento que venta
mente que sabe
morte!

Medo do medo
do tempo que passa
que leva os outros
que esquece
de que forma era
Medo do nada
do chute, do tombo
do espelho, do sonho

Medo do medo
de reconhecê-lo
e na profundidade
arrancá-lo
reconhecendo o tempo perdido.


Deisi Perin

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Praça Eufrásio Côrreia - Curitiba

Estrela da Manhã

Se, segundo Sigmund Freud, foi um golpe de marketing o egípcio Moisés ter se tornado hebreu de nascimento, como não pensar o mesmo da primogenitura entre Caim e Abel? 

Ou seja, Abel é o Neanderthal, Caim é o Duplo Sapiens e não o inverso. Depois de matar, Caim tornou-se temente ao predador e organizou as leis jurídicas.

Diabolos há sido para sempre o ambiente, ao qual por orgulho civilizatório, somos impedidos de aceitar ser impossível domá-lo, sem ferir-nos.

Até que a espécie mature para perceber que É coroado com a coroa, o Cristo, quando de Lúcifer a humildade conquista.


Ricardo Pozzo