quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013


Há um homem selvagem em
Minha cabeça
Que me canta em sonhos de
Prosa cáustica
Por todos os cantos
E tempos do teu verbo

Há um cara
Selvagem em minha cabeça
Em cujo grito primal
Ecoa o barbarismo
Melhor decantado
Do que a mais perfeita
Sinfonia de ordem em vossos
Versos emulsificados

O homem assim
Meus caros
Eu sei vos
Causa azia
O mal-comum
De estar
Neste lugar que ocupais

O cais de fés irrefutáveis
Nas civilizações imaginárias
Às quais sempre chegamos
Um pouco depois ou
Tarde demais
Mas em que acreditamos
Atracar nossos navios
Fantasmas

Um porto no escuro
O trago no ar

Sem portões no horizonte
Porque ele nunca existiu lá

Um selvagem assim e
Diante dele sentes
A orgulhosa vergonha
Do litigante sem escrúpulos
E o desejo onanista
De que o mundo continue
Movimento ao infinito
O lugar
comum do ardil

Ao meu redor e em mim
Refaz-se o homem que entoa
A língua de todas
As estrelas
E ao seu trovoar de nebulosas
Mudas
A cada respiração
Sopra
Livres multidões
Gera em seu riso constelações
Com o calor do flúor, do neon
Na caligem em que
desejamos iluminação

Yury Myamura

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