Abrimos o livro como a uma janela
uma pálpebra que se ilumina a novas luzes
e diante do olhar estranhando o familiar
espelhos estilhaçados sob os pés descalços.
Na busca pela identidade passamos por sombras perpétuas
de Hiroshimas íntimas em sopas de cogumelos,
formas dançarinas da leitura de mundos que sangram
sobre teias elétricas que queimam nosso caminhar.
Fragmentos de cristais sem valor eletrizando o nada dos nossos passos.
andamos a esmo, perdidos nessa leitura.
No barro das palavras tentamos construir nossos ídolos e seguimos adiante.
pedaços dessa anatomia de Golem se desprendem na tempestade do desencanto.
Palavras paridas de imagens queimam e evolam- se, reencarnando em nuvens que espalham o sêmen translúcido na relva a sorrir e a tudo presencia a pedra da palavra na pele do sonho.
Voltamos a dormir no desconforto do silêncio inundados de dúvidas que se debatem nas nossas entranhas. Mas tudo são meras palavras que voam sem rumo sobre nossas cercas invisíveis de arame farpado.
Wilson Roberto Nogueira