quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Fizeste bem em sair, Arthur Rimbaud!

Fizeste bem em sair, Arthur Rimbaud! Teus dezoito anos refratários à amizade, à malevolência, à estupidez dos poetas de Paris, assim como o ronronar de abelha estéril de tua família ardenense um pouco louca.  Fizeste bem em lançá-los para longe, colocá-los sob a lâmina de tua guilhotina precoce. Tiveste  razão para mudar o boulevard dos preguiçosos, as tabernas dos mijadores lírios, o inferno das bestas, o comércio dos astutos e o bom-dia dos simples.

Este impulso absurdo de corpo e alma, esta bala de canhão que atinge seu alvo fazendo-o explodir. Sim, a vida de um homem está bem no além! Não se pode, ao deixar a infância, estrangular indefinidamente o próximo. Se os vulcões pouco mudam de lugar, sua lava atravessa o grande vazio do mundo e lhe outorga as virtudes que cantam em suas feridas.

Fizeste bem em sair, Arthur Rimbaud! Nós somos daqueles que acreditam, sem provas, que a felicidade é possível com você.


René Char/ tradução do francês de Mario Bojórquez/ tradução do espanhol Ricardo Pozzo

4 comentários:

Anônimo disse...

De Fureur et Mystère, René Char - 1948

rodrigo madeira disse...

o final é lindo.
abç.

Anônimo disse...

alguém já vez uma versão pro Raduan Nassar?

G. Q.

Anônimo disse...

boa pedida, G.Q.!

rp