quarta-feira, 23 de junho de 2010

hunos

como sou autor e gosto de tontarias,

como nada o obriga, ó cioso leitor,
a me emprestar seus olhos e tudo
pode vir a ser um jogo
de ombros, muxoxo, fechar de livro,

decido me arriscar nestes e noutros
instantes precários (escadas de vertigem).
suponha que haja

enxames de segundos,
que seja a nascença do seguinte
a morte de um segundo na corrente ininterrupta...

suponha um enxame de segundos
(vivo e mortos, mas somados)
no favo melífluo de uma hora; agora
suponha que dos favos colaborados
tenhamos a abstrata colmeia, o dia,
um único e precioso dia.

tudo pra que eu ou você, com um cajado,
cutuquemos e deitemos por terra.
tudo pra que eu ou você arranquemos
nacos, lambamos e deixemos o resto
atrás da horda de dedos e dentes, largados

e depois voltemos, no último ônibus da última linha,
para os arrabaldes.


Rodrigo Madeira

3 comentários:

Anônimo disse...

por isso talvez seja necessária a conscientização da construção da realidade que se faz a partir da minha, da sua ou da atuação do outro, em conjunto, mas querendo que seja restaurada a possibilidade de que o meu melhor signifique o seu melhor e o melhor do outro e quando o último ônibus chegar, saibamos reconhecer a trilha!

r

Anônimo disse...

ou, para que quando o último ônibus chegar...

r

Anônimo disse...

apesar do poema ser, no seu mais íntimo revolucionário ( e todos os poemas o são, tontarias...


r