sábado, 22 de agosto de 2009

Estou como escultura,
tornada pura,
por escassez de desejo

Ricardo Pozzo

28 comentários:

Pó & Teias disse...

Te comparas à matéria na qual figura uma beleza estática?!


A matéria é dura ou macia, é moldável pelo calor, pelo frio, pela mãos ou pelas ferramentas do escultor. Sobre ela reinou a vontade do artista. Uma escultura não é pura, nem boa é simplesmente matéria. O que se apreende dela é a alma do artista, o humano.

Assim sendo a "escassez do desejo" não te aproxima da pureza, te distancia do humano.

O desejo é o que garante nossa existência. Só desejamos o que nos nos falta, certo? E só negamos o que existe, memso que só em nossa imaginação. Portanto, pare de se santificar. Não existem santos vivos, nem santos que o saibam ser.


aH, ISSO É PARA O TEU "EU LÍRICO", OF COURSE.

Anderson Carlos Maciel disse...

O corpo é divino. É de onde provém toda significação. Existem metáforas e dialogias visuais em relação à matéria bruta. Conhecendo a alma humana a fundo se compreende as significações de meros símbolos, como na linguagem dos doentes mentais dos hospitais. Não se pode profanar a "obra divina", que também é o "dom" do criador, bem como não se pode deixar de censurar o obscurantismo. Isso se deve ao fato de que queremos uma humanidade de luzes e não pervertida e putrefata num sensualismo decadente em relação aos valores [psíquicos] estéticos. Isso aí pra mim é pouco eu sei dizer, mas estou ensinando como muitos fazem. A natureza do "inconsciente coletivo" decide qual o melhor.

Anderson

Anderson Carlos Maciel disse...

E ela não é estática em absoluto. Veja "Pó & amp" que ela desprende um fenômeno da comtemplação que envolve ela mesma e o observador.

Escrevi mais sobre o assunto no meu site: www.umasofilosofia.weebly.com

Deixem comentários por lá para eu saber até onde minhas palavras são compreendidas adequadamente.

Pó & Teias disse...

Observe bem pergunta e veja que o que se segue contradiz a afirmação que fundamenta a pergunta. Enquanto matéria a escultura nem existe. Só haverá a pedra, argila, etc. A escultura só existe pela percepção do artista e do espectador e portanto o poema se contradiz. Para ser "pura", sem o ranço humano (e feminino) que o autor sempre denota em seus textos, haveria apenas a matéria sem nome até porque a nomenclatura das coisas é costume humano, certo? Esculpida, a matéria contém um universo...

Pó & Teias disse...

Se o corpo é divino uma obra de arte é uma condensação desse divino. Porém se considerarmos o divino uma criação do homem, um sustentáculo para a angústia da existência, então não há nada mais humano do que uma obra de arte. E a escultura no caso do poema é um espelho que reflete de volta para o autor o que ele tenta negar o através dela. Irônico, não?!!

Angela Gomes disse...

Inércia, pela condição de uma obra não observada em sua plenitude.
Um "puro desejo", onde o prazer seria ouvir: "Parla".

Belo poema.

Anderson Carlos Maciel disse...

o divino é o todo, o homem e a arte são a parte como espelhos múltiplos e dispostos de várias perpectivas, prismas. O olho de Deus dever ser privilegiado! Enxerga ele toda beleza. A contradição cai por terra com a lógica. Ele quis dizer com "escultura" que está estático. Ele quis dizer com "pura" que tentou uma rima com escultura. Perdeu o significado e o movimento de significação. Isso acontece quando não se invoca a ajuda das musas e das graças. Nem toda escultura é profana.

rodrigo madeira disse...

vamos carpinejar...

"não há escultura que não nasça de maus-tratos"

r.m.

deisi perin disse...

Divina ou profana
graças e rimas
estáticos desejos
esculpidos na carne
fatiando arestas
da existência...

Pó & Teias disse...

vamos por partes:


"...escultura/ tornada pura..."

o que torna a escultura pura?

a escassez do desejo

rp

Pó & Teias disse...

a escassez do desejo é o que nos tornará realmente humanos!

pois é o sat chit ananda!

creio na sacralidade humana, não por hiroshima ou nagasaki, mas fundamentalmente pela arte; pelo sorriso da criança, quando espontâneo; pelo seio da mulher, quando amamenta e dá prazer!

rp

Pó & Teias disse...

agora, se quiserem uma explicação mais técnica...

rp

Pó & Teias disse...

"Estou como uma escultura,
( que foi) tornada pura,
por escassez de desejo"

Desejo de quem? do espectador? O espectador é arrebatado pela beleza, e pelo grotesco, portanto arde de desejo. O escultor arde mais, quer ver seu ideal suplantar a matéria.

Então eu LEIO que a escultura é pura por escassez de desejo pq ela é só máteria não tem vida. NADA A VER COM ESTAR ESTÁTICA, MAS COM O FATO DE QUE ELA NÃO SENTE.

Suscita sentimentos, mas não sente!

É, eu me retrato: a comparação é excellente.

Iriene ( supondo que vc não saiba rs)

Ame disse...

A árvore sem escolha
se molda ao contexto da paisagem
ela perde suas folhas
por ser fustigada pelo vento
que desejoso força a passagem
inclina e desvia o tronco
como lhe convém, mas intacta
e pura são suas raízes
que permanecem na base nutrindo
o desejo de dar flores sombra e frutos.
a pureza é invisível aos olhos
de quem vê, só o contexto da paisagem.


Pozzo...

" É bela e pura a raiz da sua palavra!"

Pó & Teias disse...

Priviát !!!Ótimo,continuem debatendo assim...Alto Nível !

O anônimo W.

Pó & Teias disse...

rsrsrs, certo Wilson.

Iriene Borges disse...

Acabei de lembrar que tenho "A doutrina de Buda", edição bilingue, capa dura... É isso? Bem, eu não sei o nome das quatro leis que norteiam o budismo,nunca memorizei fórmulas, quanto mais dogmas, quem sabe eu verifique no google que é mais rápido que reler o livro... Mas sem o desejo o ser humano não progride, não levanta de manhã, escova os dentes, lava o rosto, penteia os cabelos...
Deitar e morrer é mais difícil do que puxar o gatilho. Mas dá pra alcançar um certo nível de alheamento, ou alienamento, e simplesmente não se importar. É o mal do nosso tempo. É como ver um fime:

"transeunte permeável
aos pruridos da miséria,
cuja humanidade desvanece
após um instante
de profunda mortificação

eu passo"

Anderson Carlos Maciel disse...

É uma taiga ou tundra. Na hora da profunda levaram a vida e a pureza da água de colônia. Queria ter eu mais vidas insignificantes como essa, e mais palavras consoladoras no momento certo em que as peço. Onde estava a árvore esse tempo todo nos desertos pelos quais não caminhei? Onde tão afortunada matéria se encontra perdida para suportar críticas de superioridade intelectual e pseudo-erudita? A árvore estende um galho metafórico para abrigar os passarinhos decaídos do ninho que são como mariposas barbudas de par de chifres anti-estéticos. Buscando busca nada mais que o que já "possui" em demasia desde sempre para outros que estão esquecidos em estantes empoeiradas. A imagem que percorre o universo para encontrar a página opaca, virulenta, da noite não dormida deste lado sazonal. Dentro em pouco estarei partindo e deixando esta terra que sempre deixei, desde que me convidaram a deixar. E além do rio encontrarei os cristais virulentos das masmorras forjadas por palavras sabiamente inquisitivas. Na verdade nada disso acontece, e o que guarda o calor das intempéries é o mormaço azul-negro dos trópicos. Dentro desta estátua ponti-aguda, esfarpada, "pura" (eu sei...), que é o Ricardo estão os minérios de ferro do chão barroso de Curitiba. Isso porque ele sabe falar por hieróglifos como outros... Ele fala como quem desaprendeu a fazer o que nunca soube, que era coordenar os pensamentos. Penso que muito da maestria da arte [bela e assediada do meu querido e filantropo amigo] se deve ao fato de que dialoga com o seu tempo numa abordagem local. "Não adianta apertar que não sai mais", então ele recorre ao mestre da retórica quadrada, racional, produtiva em série para encontrar o seu caminho. Não se pode sentir coisas que não se vivencia, também não se pode vivenciar coisas que não se sente... "La vie au gout de la reason du bonheur et de la sage. Qu'est ce que ta jalousie? Je ne connais pas que ma colorée toute société politique, literaire et (pourquoi non?); philosophique". A palavra [lira], agora tornada "esquizofrênica", raquítica, anencéfala, torta, fedorenta, imoral, purificada de suas flores noturnas, se reveste do próprio obscuro "ciúme vaidoso"; orgulhoso de suas criações: "ninhadas", quimera sensualística [tal qual a metáfora da planta em questão]. Essa problemática é um bom viés para conhecer os critérios estéticos do elogio e da repugnância nas concepções literárias acerca da palavra. E também o meio físico e espaço geográfico no qual o "fato sociológico" se inscreve. Esse momento é o momento da separação da significação. Quando a produção ganha autonomia e pontuação, além de idéas correspondentes a uma práxis reveladora. A caneta desliza como maestra, assim como as teclas do meu computador transformam isso em obsolescência. Devo viver a minha realidade. A estátua do Joãozinho é a estátua do Joãozinho. A minha é de gesso, que não me causa peso em deixar pra trás cada vez que tenho de ir embora. Da mesma maneira não significa nada mais que eu não possa mudar em direção à matéria inerte que é a morte certa carrasco [?] das horas. Encontrei o Ricardo senhor absoluto como aquele que "clichês [mesmo que panfleto]-mente" têm de mudar o comportamento para algo com o qual não atina. Esse algo são os discursos da "psicologia pessoal" que não se "casam" com uma elite da produção literária. Ele poderá reencontrar o amor pelas estéticas assim que "ruminar" as mágoas, e entender onde se insere neste contexto das luzes Curitibanas.

Anônimo disse...

"O que é um humano?
O que sou eu?
O que é vida?
O que é?

Apenas uma vez vocês se perguntam com determinação!"


Adaptado de Hozumi Gensho Rôshi, Zen Heart. York Beach: Wiser Books, 2001.)

Anônimo disse...

talvez haja uma questão semantica entre desejo e vontade!

maisuculas seriam as minusculas diferenças, inclusive...

Anônimo disse...

se este poetrix tabuleiro fosse, proporia ipso facto uma solução, ou uma inversão/ troca de palavra cujo valor significante não se altera!

ou seja...resta um lance neste poetrix....

Anônimo disse...

mais de 24 horas e nenhum lance?

Anônimo disse...

creio que este lance finda a questão:


podemos substituir "escassez de desejo" por alguma palavra que possua o mesmo significado, porém expresse uma informação maior ou melhor, ou nem uma nem outra, apenas complementar á compreensão direta deste poetrix?

em caso de uma resposta afirmativa, qual seria?

Anônimo disse...

o que é a escassez de desejo?

quando ela se dá?

desejo é falta, escassez da falta pode significar completude( em seus multiplos sentidos)?

então,

estou como uma escultura
tornada pura
por realização

Anônimo disse...

e assim provo que sou melhor que o bocópozzo!

Pó & Teias disse...

Ainda discordo, mas que se dane!

deisi perin disse...

27 com esse

Anderson Carlos Maciel disse...

Pra falar a verdade, [ ]
às vezes - - -
A gente não entende...

Tira fatos
perseguidos
de má fama

Pra entender que a força
se encontra
Do outro lado. {[(?