sábado, 23 de agosto de 2008

Ao Poeta

Quando me perguntarem se o conheci,
se nas puídas frestas de mapas,
se um dia com ele vi
que a agonia submerge intacta,

se me balancei nas pequenas folhas de grama,
se com ele contei vantagens,
se o vi chorar nas margens
se cortei-o em linhas,
recortei a película

se a triste dor que deve, a ele
engasga em palavras fundas
redundas como se fossem
chumbo como se fossem calmos os cavalos,
as vespas...

quando indagarem se no primeiro farfalhar
dos pequenos fósforos
os dedos em nós...

responde o poeta ao lado
que repete, o respeito conquistado,
em prol da mesquinharia e
do zelo sem pressa...

e quem um dia haverá de ouvir-lhe os medos,
segredos ausentes em chamas convertidas
do lado escuro, grita:
onde esta, o que singelo habita
não são revistas rasgadas...

se caminhei, disserem
onde então estavas
quando as travas
fulgidas coloquialmente
encravaram-lhe
as duvidas
quando perdido em meio a prédios bandidos...

não mais se ouvia
a noite derramando
a cláusula que corrompia
e a janela já barrava o sol...

Onde esteves, no cume
do pingo trasbordado em sal ?

revela homem a ti,
quando esteves guardado em teu animal
havia o cheiro da axila
onde giravam formigas como na roxa terra do quintal

ou talvez a sinopse retida
da vida que lhe deram como tua
afirmou-te o que não vês
que não existe ultima saída

tolos os poetas...em canções, sonetos
sonatas em corutos avessos
fincados nas letras

eu direi:
que se fodam as bucetas
as chupetas...as picas
já que nem Freud explica
já que Pascal padeceu católico
já que não proibiram os acólitos
de participarem de ritos maçônicos
já que deixaram o demônio
participar das missas
já que não existem mais noviças
tampando o ultimo caule
já que o falo não enriça
já que a puta é submissa
já que sou feio ante revistas
aproveito...

não derramo a lágrima
que pro outro faz o leito
não suponho ao fogo que arda
ao esquecer o bolo
de picuinhas encrostadas
em rimas afogadas
e na ausência de tua
imagem converto-lhe seu pobre em coragem
não, ainda não o conheço...

só por nome poesia e não me lembro o resto.

João Franscisco Paes

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