quinta-feira, 23 de abril de 2015

Clandestino na cidade que cresci, por três dias andarilho a deriva, qual vagasse pelas areias das praias de Troia, com as tripas coladas às costas, tragando apenas o hipogástrico alumínio do amargor.
Já exausto, por acaso, uns missionarios de sei lá qual igreja me oferecem a marmita do Jardim das Delícias. 

Há tempos, eu e meus desseseis dentes, não éramos tão felizes.


Ricardo Pozzo

2 comentários:

Anderson Carlos Maciel disse...

Comovente lira aos olhos de deuses gregos verdadeiros. Cedo ou tarde a marmita com néctar e ambrosia fá-los-há todos sentirem-se imortais, infinitamente sós, circulando em torno de seus próprios argumentos de solidão. Um rebelde recusaria a água humilde ofertada para dessalinizar as feridas profundas de outras sagas. Em solo de gregos deve-se fazer política, aprender a ética, a virtude e o valor. Atravessando a revoltada lira o deserto da vaidade do que pensa ser virtude, encontraria Sherazades antigas prontas a entreter corpos feridos e sonhos infinitos. Mais do que o banquete no Olimpo é necessário as mendigos sábios das luzes iluministas proto-filosóficas valorizar cada abraço protetor que almeja somente a essência e verdade do ser, mais que imortalidades em marmitas de ambrosias ( que quebrariam bem galhos ilustres) recusadas e cuspidas em plastros de ódio malogrado, tangenciado em busca helência do real sentido da subjetividade da lira do efêmero [???] personagem. O sono de Perséfone, dado a Psiquê, na busca por Eros em uma marmita enganadora iludiria mendigos pretensiosos como todos nós todos somos, crianças abandonadas. Sem consolo de deuses, humanos, humanas, em boa literatura do verbo a ainda se preocupar com o que passa na televisão. As imagens de tais simulacros jamais iludirão um lar. O mendigo pensou que estava em Tróia e estava no Projac, imitação grotesca de tragédias com mais heroísmo, virtude e lapsos de finais felizes.

Bom dia, luz cósmica, amor universal e fé na caminhada. Cuidados e carinhos constantes na pena suave da solidão contemplativa da verdadeira arte da palavra. Lotar o teatro é meta.

Anônimo disse...

Num mundo feito à dentadas, menos pode ser mais... Precisamos de mãos mais q dentes, sobretudo quando estas podem ser estendidas! Evoé