Não se vê daqui, mas sei
que a prostituta na rua
tem um olho de vidro.
É mais aparente o gancho
na mão esquerda
ou, mais à luz, sob o poste
a prótese
da perna.
A insaciedade da fome de carne
que tem que se satisfazer
com borracha.
É tempo de fetiches, pessoas
que se fazem fetiches.
Servir-se
da prostituta na rua
não era tanto sexo com gente
quanto era sexo
com coisa
tevê, geladeira,
sonho transerótico do
transumanista.
Adriano Scandolara/ extraído de seu livro de estréia A Lira de Lixo pela Editora Patuá
Mini galeria de perguntas meramente retóricas
Há 16 horas
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