terça-feira, 16 de abril de 2013

Amálgama


A vida me persegue com seus timbres 
Roucas vozes do acontecimento; 
Nada me amedronta mais 
Que a face intacta das coisas. 

Tomo de açoite o banquete das rosas 
Oásis de brancura estendem-se 
Em escarlates ensandecidos 
De-lírios à veia acesa. 

Restam desertos 
Que o sol, tresloucado 
Chama de poemas. 

A areia arranha o silêncio do pêlo e sua 
Mistura de sal no sentido da pele 
Perduram águas. 

À sina de mim 
Amálgamas vertem suas misturas 
Que a pureza dos olhos 
Chama pássaros 

Circundam o mel do corpo 
Venta, na eriçada 
Flor do ventre.


Roberta Tostes Daniel

Um comentário:

Anderson Carlos Maciel disse...

Lapsos de consciência e libido verdes da cor do mar poluído dos sentidos pós-modernos. Reivindicar a subjetividade é o primeiro passo para a criatividade única se instaurar numa produção madura ao nível do sentimento a ser comunicado. A psicanálise da arte aponta o amor como a droga de todas as percepções da alma e do corpo. Envolto de trevas e luz que remetem a existência à metafísica e ontologia. O princípio dionisíaco é evidente e o apolíneo anuncia-se na lira como cadência, forma e conteúdo. É perigosa a subjetividade, no entanto, na dimensão do patológico que todos carregamos. Tentamos em vão transmutar os defeitos em palavras estéticas que convençam o leitor. O que realmente queremos com isso? Momentos de prazer na leitura.