sábado, 30 de junho de 2012

Richard Burton reads S.T. Coleridge's 'The Rime of the ancient Mariner'

Richard Burton - the mariner
Robert Hardy - the wedding guest
John Neville - narrator

Darker Room by Michael Brook

poem by Dylan Thomas
Recitation: Richard Burton

quinta-feira, 28 de junho de 2012



Erudicídio


São nestas escolas
de sucata
infestadas por traças
e parasitas
que as nossas crianças
se deseducam
e, muito cedo, aprendem
que em terra de rei iletrado
estudar é crime
hediondo

E o que resta é a resignação
do educador
com salário de fome
que tão logo aprende
que erudição
não enche barriga;
e também a desesperança
do estudante
cuja vida ensina
o quão difícil
é preencher a mente
de barriga vazia

E para as gerações vindouras
o que fica
é a consagração
da estupidez:
a tirania da mediocridade
onde as pessoas
são niveladas por baixo
E o pior
não é a prepotência ingênua
do analfabeto funcional
mas o silêncio cínico
e (por que não?) criminosos
dos que sabem qualquer coisa
mas disseminam
impunemente
a ignorância.

E a farda
da escola pública
se transforma
para uma geração de futuro(s
excluídos)
um fardo.



Thomaz Ramalho; Maputo. setembro de 2008

sábado, 23 de junho de 2012

terça-feira, 19 de junho de 2012

Jardim Itaqui - Região Metropolitana de Curitiba

sábado, 16 de junho de 2012

Verve



  Estou incógnito
por sob os pés sutis da sombra
cujos pés nessa clara servidão colam-se aos meus

  Estou insólito
em meio às fés em mil deuses
nos quais tem ainda outras fés meu próprio deus

  Estou finito
sobre rés do chão fora dos dias
aos quais sempre volto em rés que julgo jubileus

  Estou aflito
dentro das sés rezando em mim
que é nessas sés que confesso crer mais em ateus

  Estou escrito
entre o quem és tu e teu ler-me
que és lido diário e nos somando somos mais eus.


Davi Araújo


DAVI ARAÚJO (São Paulo, 1979). Poeta, ficcionista e tradutor. Autor dos blogs “Não Fique São” e “Transatravés”, tem poemas publicados em TriploV, Pó&Teias, Diversos Afins e Mallarmagens. Traduziu os ensaios “Natureza”, de Emerson, e “Caminhada”, de Thoreau, pela editora Dracaena. Seu próximo livro será “Ficções paralelas & Visões para lê-las”, coletânea de prosa experimental. Atualmente, conclui dois livros de poemas, continuações da trilogia iniciada com “Livro Ruído” (Eucleia Editora, 2011), publicado em Portugal.



quarta-feira, 13 de junho de 2012

Jardim Itaqui - Região Metropolitana de Curitiba

Reflexão

para Claudia

Sob a suavidade do teu olhar perscrutador
transito pelo inconsciente,
e o peso do passado
rola queimando a face.

Arqueóloga cavando
memórias irreversíveis
fixadas na trajetória do tempo.
Itinerário não cronológico
anotado em parcelas
resgatado em rotas melancólicas
Reciclando névoas confusas e ramificadas.

Inadvertidamente
se teus olhos refletem a mim
também os meus a ti refletem.


Deisi Perin

terça-feira, 12 de junho de 2012

rodrigo madeira/ pássaro ruim

Praça Santos Andrade - Curitiba

armazém
de secos e molhados
na beira
da estradinha
linguiça farinha
cachaça
e uma balconista
super boa praça


Cláudio Bettega

domingo, 10 de junho de 2012

Auditório da Biblioteca Pública do Paraná

terça-feira, 5 de junho de 2012


Lugar Comum


Dói de uma vez, dor, e consome logo
Tua parte de minhas energias.
Tu és tão sem sossego quanto o fogo
Enquanto a madeira não o sacia.

Já incineraste todo o veneno
E carbonizaste inteira a ferida.
Por que ainda queimas o carbono?
Por que não me deixas em pó e cinza?

Enquanto teu calor me estertora
A resposta alvorece devagar
É que no mundo tudo se transforma
E as cinzas também podem transmudar.

Se nada após o fogo é como antes,
Este carvão serão meus diamantes.


Felipe Spack

sábado, 2 de junho de 2012

Reforma da Catedral Matropolitana de Curitiba

Meu lugar
é em lugar algum
Não caibo nos espaços
nem navego no fluxo
Visto tamanho único
Mimetiso
Aspiro fumaça
sem tragar
desisto sem respirar
Camadas de polimento
escondem minha cor
Sorvo ácido e veneno
cruzo as pernas delicadamente
Curvo-me

Ando sem vida
falo sem ser percebida
circulo pela cidade
alta - baixa
Meus pecados
contei-os todos
ao padre
ou à terapeuta
não lembro qual.

Rasgo as vestes
mas sempre sobra
um trapo de culpa.


Deisi Perin