Dias duros, de ser zureta, por cansaço. Homem, em dever de reconstrutor, opera em extremo. Trecho da caveira, avariado, ocupa forças de todas partes. Ouve Bach e muitos. Olha o pé e olha o outro pé, quebrado. A doença fica oculta em pele, carne.
Um dia é de tocar só. Outro, muitas vezes, é igual. Homem toca. E abraça instrumentos e parceiros. Entre estes há máquinas, pássaros, assobiadores, passantes, infindos. É um mistério viver em mistério. Perguntas borbulham em calma. Doença ensina tristeza.
É jubiloso qualquer próximo e passo. Saltitar com par de muletas, dançar assim em três pernas, a ouvir um trecho de uma sonata, perceber-se a dizer, compulsivo, mais e mais e mais e mais: acontece. Tocar é o bom tom. Há cura.
Haroldo Machado
Nenhum comentário:
Postar um comentário