segunda-feira, 28 de maio de 2012

No Osso


Dias duros, de ser zureta, por cansaço. Homem, em dever de reconstrutor, opera em extremo. Trecho da caveira, avariado, ocupa forças de todas partes. Ouve Bach e muitos. Olha o pé e olha o outro pé, quebrado. A doença fica oculta em pele, carne.

Um dia é de tocar só. Outro, muitas vezes, é igual. Homem toca. E abraça instrumentos e parceiros. Entre estes há máquinas, pássaros, assobiadores, passantes, infindos. É um mistério viver em mistério. Perguntas borbulham em calma. Doença ensina tristeza.

É jubiloso qualquer próximo e passo. Saltitar com par de muletas, dançar assim em três pernas, a ouvir um trecho de uma sonata, perceber-se a dizer, compulsivo, mais e mais e mais e mais: acontece. Tocar é o bom tom. Há cura.


Haroldo Machado

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