sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Dois poemas de Rafael Walter


Paisagem

disse-me que só o vagar lhe permitia 
a constância

não queria a certeza
queria a dúvida
expandida em caos e absoluto

a poeira contava o caminho,
não sabia dizer ao certo de onde viera
e  seguia

como poucos centavos no bolso festa ele fazia
dizia que viemos nus ao mundo
e que nada sabemos mesmo
e o resto era infinito

andava torto feito um ponto de interrogação
para endireitar os caminhos
seguia o vento
numa melodia
feito viola pela vida


haikai escatológico

escarro,  porque já não resta nada
e esse vício de saliva,  de esvaziar palavras
e emudecer o solstício ou a alvorada

Rafael Walter

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