Pára no meio do dia.
Não ao meio-dia, mas em qualquer meio de qualquer dia.
Um quadro claro de luz... a janela!
Os ouvidos passam os limites da fresta, e
a testa, um pedaço de pele tocado pelo sol.
O quase silêncio, o lugar do vento,
os fundos e as sombras dos prédios e casas,
o assobiar de mínimos erígidos espaços, calhas rangendo e a vibração do metal que dá forma aos sinos.
Um miolo desértico, muros de concreto, azulejo, limo.
Um gato vadio se espreguiça sobre a telha aquecida,
um parquinho velho, enferrujado, esquecido
no meio do miolo cercado por janelas vazias.
Janelas que hipnotizam com a dança de suas
cortinas em transe.
Os carros são ruídos longe,
como o choro do domingo e
a festa do sábado.
Assim nessa segunda, longe de um urbano frenesi,
Longe dos sons de ilimitáveis decibéis,
de passos e calçadas, motores e buzinas.
Longe da janela da frente,
a um apartamento da janela da frente.
Rodrigo Ceccon