quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

breviário das moscas

monomaníacas,
lindas como os rouxinóis:

as moscas.

inesgotáveis,
insuportáveis,

abertas às febres
todas, todos os modos (e cheiros, sabores)
de vida e morte,
como fosse a obsessão
um nirvana,
a paz
dos incansáveis.

benditas sejam
as moscas!

sua teimosia feroz,
filigrana de saliva,
único filamento
de brio.

voltar sempre, como
uma alma penada,
um cão com fome,

um homem

que, afogando-se,
quer porque quer

viver
por viver.


Rodrigo Madeira

2 comentários:

Anônimo disse...

viver e reviver histórias (e as estórias que delas derivam), até que se putrefazejam; pessoas são moscas, senhoras da decomposição, em ronda!

a imagem que este poema fez surgir a minha lembrança...

Anônimo disse...

Uau!!! Gostei.
Deisi