quinta-feira, 26 de outubro de 2017

O assoalho raso da casa


O assoalho raso da casa
Reflete o calor tórrido
Que emana

E as pegadas lá esquecidas
Coalescemnum tempo
Onde o lírio germinou


Paulo Prates Jr 

ASSOMBRAÇÃO


Quando o brilho dessa lua
Clareia todo sertão
A verdade surge nua
Em forma de assombração.
Correndo pelas estradas
Acompanhando o luar
No meio das madrugadas
Num grito de apavorar,
Ao longe se ouve distante
O latido doloroso
Esse ladrar inconstante
Assustando, pavoroso
Quem cruzasse no caminho
Quem tentasse andar sozinho
Pelas trilhas dessa terra,
Travando sempre essa guerra,
Entre vivente e defunto
Nessa luta, tudo junto
Se confunde na batalha,
Mesmo que você atalha
Por outro rumo ou estrada
Não adiantará de nada
Você não pode escapar.
Se não vier lobisomem
Outro poderá chegar
Meio bicho meio homem.
Nessa mata sem ninguém
Mula sem cabeça vem
Procurando devorar
A quem puder encontrar.
Mas, me contam e acredito
No meio de tanto maldito
Outra coisa perigosa
É gente cheia de prosa,
No meio desses fordunços
Trabalha prá coronel
Sem pena, manda pro céu.
Essa turma de jagunços.
O povo do meu sertão
Vive toda ameaçada
Bastar dizer um só não
Ou então precisa nada.
Na ponta de uma peixeira
Ou na mira de um fuzil,
De sangue, mancham a bandeira
Envergonham o Brasil.



Marcos Loures

Repto poético


Subverto
roteiros
& paisagens decifradas.

Converto
a verve erudita
em versos acessíveis.

Persigo adeptos
aptos ou ineptos
mas de coração...



 Ricardo Mainieri        

Todas são belas




Não há uma mulher sem um encanto,
Todas são belas seja no que for;
A alma, por mais oculta , em qualquer canto
Há de romper e dar a sua flor.

Mas quando não dê, temos, no entanto,
Em nós poder de tudo lhe supor,
Desde a pureza, se êsse amor é santo,
Ao mais, se o nosso amor é bem amor.

Entre as negruras de que nos rodeia
A vida, pode uma alma ser perdida?
Criatura de amor que seja feia?

Sonho que eu vivo e porque, há tanto, chamo!
Quem me dera, através da minha vida,
Encontrar , afinal, a que eu não amo!...


De Fausto Guedes Teixeira




sábado, 21 de outubro de 2017

Inspiração em Pó.



Quem busca inspirações nos labirintos do umbral,
Cantará canções ao mal desafiando o Criador,
Buscando o prazer carnal que a própria vida abomina,
Beijando os lábios da morte numa carreirinha fina;
Vendo no vidro a máscara que a própria morte pintou.

Quem busca por artifícios mudar a vida que tem,
Não tendo tempo sequer para o arrependimento,
Mentindo para si mesmo pregando que é feliz;
Anestesiando o corpo para qualquer sentimento...
O coração no esquecimento só se lembra do nariz.

Tantos seres que ainda sofrem tentando sobreviver,
Paralela outra corrida de quem debocha da sorte,
Uns aspiram tubos de oxigênio tentando buscar a vida;
Outros que são entubados a guisa da despedida...
E tantos jovens sadios aspirando o pó da morte.

Num futuro não tão longe quem sabe até se construa,
Cemitério especial para quem vem se matando,
Sem velório, vela, ou choro, sem nenhuma extrema-unção,
Somente a última dose, a saideira da vida...
E o defunto vai andando sem precisar de caixão.


José Tavares      28 de maio de 2011 21:37

O BEIJO


um silêncio súbito,
carregado de cigarras,
fez-se no mundo.



 De Ana Mariano

domingo, 1 de outubro de 2017


Nas mãos do mar
a linha do horizonte tem cerol
lá, a pipa do céu cai mais depressa
quando as margens da tarde me anoitecem.



 Wender Montenegro    

NEURA


De vagar
estou vago.

Intenso
& só.

No tenso team
dos ocupados.

Em feedback
infindável.




 Ricardo Mainieri            

               



"infinito"


era preciso
aceitar o
fim do amor: claro,
a essa altura, ( e a vida
traduzida era
pura ilusão) tudo tudo
tudo tudo tudo
mera quimera, mágica
perdida, loucura...
era preciso
acatar o
instante raro,
aquele que
dizem haver, aquela
volta por cima.
era preciso
secar a
alma para
entender o agora...
deixar
a porta aberta.



Adriano Nunes 

Sem Sensura



Os meus colegas já bebem,
o meu mano já fica com umas minas,
mas dizem que para mim,
ainda é cedo demais.

Qual será a idade certa para experimentar
as proibições que jamais deixarão
a lista negra de meus pais!?
Todos sabem soletrar: N-Ã-O,
quem será capaz de dizer sim!

Na escola, meu professor
me diz ser proibido passar
bilhete confidencial,
ficar no recreio após o sinal.

Qual será a idade certa para experimentar
as proibições que jamais deixarão
a lista negra escolar!?
Todos sabem soletrar: N-Ã-O,
quem será capaz de dizer sim!

Meu rosto vermelho queima de raiva,
eu quero lutar de verdade
pelas coisas que acredito,
não pelas que escuto por aí
estampadas em outdoors, comerciais.

A esperança não está em andar
por lindos campos com mais flores,
mas o que a gente faz
ao se sentir com mais vida.
Todos sabem gritar: O-R-D-E-M,
quem terá coragem de lutar pelo Progresso!

Meu rosto vermelho queima de raiva,
eu quero lutar de verdade
pelas coisas que acredito,
não pelas que escuto por aí
estampadas em programas, jornais.

A esperança não está em andar
por lindos campos com mais flores,
mas o que a gente faz
ao se sentir com mais vida.
Todos sabem gritar: O-R-D-E-M,
quem terá coragem de lutar pelo Progresso!

Qual será a idade certa para experimentar
as proibições que jamais deixarão
a lista negra de coisas que não se faz!?

Qual será a idade certa para experimentar
as proibições que jamais deixarão
a lista negra que a minha própria mão fez!?

by Zi
penso no poema
a ser dito
tantos
opacos distantes intensos
reflito o quanto
é preciso ser grito


Soninha Porto

Sorrisos entre medos e tempestas
As sombras de um passado virulento
Penetram num completo desalento
Adentram velhas salas, toscas frestas,

E quando aquém da vida tu te empestas,
No encontro tão venal quanto sangrento
Ao menos esperança; ainda tento,
E sei que temporais apenas gestas,

Parindo esta temível farsa exposta
Na imagem tantas vezes decomposta
De quem se fez audaz, mas não resiste,

E o mundo se perdera num vazio
Enquanto a fantasia que recrio
Expressa este cenário amargo e triste...





 Marcos Loures