Derretendo
Por dentro em sufoco
Num país inóspito aos filhos da própria terra
Talvez servidor do estrangeiro
Em Luanda me achei calado.
Num mundo apocalíptico
Onde o medo predomina por causa do opressor
Que à um cidadão pacato que reivindica
Bradando apenas por justiça,
A bala nele não se poupa
Assim somos obrigados a engolir sapos vivos!
Com medo do terror
A voz do poeta se emudece
O talento em sua alma se morre!
Na África, de onde eu vim... me achei calado no meu mundo
vago,
Por medo, onde as feras despedaçam as aves indefesas,
Que não têm asas pra voar!
Mas...
Em Curitiba, Capital Paranaense
Entre os escritibas na rua
Em saraus poéticos e canções melódicas
ora em goles do guaraná e risadas eufóricas entre os amigos
No Brasil aprendi a voar!
Em Curitiba migrei
Navegando em suas marés serenas e apaziguantes
Nada igual às marés agitadas e turbulentas
De Luanda-Angola minha terra de onde eu vim!
Oh, Brasil
Migrei em ti em plenitude de corpo e alma
Qualquer dia
De ti só levarei lembranças boas
De sua gente amável e gentil
Pois, daqui, é onde ganhei as minhas asas
E aprendi a voar em liberdade!
Em Curitiba, Capital Paranaense,
Numa roda plenária entre os artistas
Em saraus poéticos de alegria folguedo
Aprendi a voar
Com os amigos
Conselhos e lições estratégicos de Olinto Simões eu bebi
Completando a minha total audácia
Para poder voar
Voar
Voar
Voar
Sim, Voar em Liberdade!
Qualquer dia, de ti Brasil, só lembranças boas comigo
levarei!
Moisés António (Curitiba aos 19.03.2017)