Do 7. E Ele te achou a vagar em busca D´Ele e Ele te
guiou para o Si Próprio,
As
Horas da Manhã [Al-Duhã] Alcorão
Causa,
o sangue, o flagelo sobre a cidade [de Tebas].
Édipo Rei, Sófocles
a criança/ num salto/ vence a própria sombra, tempo
de agir,
Sérgio
Rubens Sossella
uma verdade tão efêmera quanto o brilho das
palhas de aço nos pipers dos vagalumes
que se agacham no mocado das esquinas.
Uma verdade com o aval da psicanálise
que promove a eternidade do desejo e a
impossibilidade humana da compreensão do Real.
São esses dogmas que sacralizam o consumo.
Enquanto cavo trincheiras por sobre o basalto,
meu raciosímio exercita-se
no decorrer desta peleja, fragmentada
pela mídia através dos noticiários.
Das cavernas das pluri espécies humanas à
urbe homo sapiens
ou do ambiente selvagem ao ambiente
controlado, enquanto perdia
seus predadores naturais, o gênero humano
tornou-se predador de si mesmo.
Teria sido Abel, neandertal?
Presa ou predador!
Eis o destino inexorável ao qual, para purgar ao
rei de Élida, Édipo vai ao encontro,
na estrada entre Tebas e Delfos.
Eis a psicopatologia derivada do exílio do
Jardim das Delícias,
o synthoma do banzo do paraíso perdido.
A maldição de Caim atinge o auge no
lançamento da bomba atômica
sobre Hiroshima e Nagasaki.
Em um suposto Princípio de Realidade
ontogênico da espécie humana
qualquer argumento que defenda a necessidade
imperiosa de armas atômicas
nos conduz à uma impossibilidade lógica.
Essa antinomia de opostos interiores, esse duplo
vínculo civilizatório ou duplipensar,
no vocabulário orwelliano, tem origem
a partir do frame mitológico da cisão da horda
hebraica, entre Moisés e Jeroboão,
a Lei e o totêmico. Entre o humano e o bestial.
Sob leis mosaicas, a civilização ocidental adora
aquilo que dá forma ao primogênito minotauro,
o bezerro de ouro.
a mega exploração e queima de combustíveis
a mega exploração dos recursos hídricos,
o uso desenfreado de agrotóxicos,
a destruição de ecossistemas.
O duplo Sapiens contemporâneo, enrodilhado num sheol
de quinquilharias virtuais, não decifra metáforas,
pois a modernidade nos fez espectadores desprovidos do espanto
Querubins guardam o leste do Éden com a lâmina flamejante
que oscila
para tornar inacessível a trilha que conduz à Árvore da Vida!
A integridade psíquica do humano reside no selvagem.
Reintegrar o selvagem é nosso dever e nossa salvação.
Ricardo Pozzo